Coadjuvantes de novelas, participantes de reality shows, namoradas de jogadores de futebol, integrantes de grupos de rock, dançarinos de axé, destaques de escola de samba, bandas e cantores de "one-hit-wonder", ex-capas de Playboy... Você ainda reserva um espaço em sua memória para, hmm, celebridades como Índia Aigo (assistente de palco de algum programa na Band), Tirulipa Jr. (sobrinho do Tiririca), Pipa do No Limite (não sei o sobrenome dela), Buiú ex-A Praça é Nossa (esse eu sei que foi pedir emprego no programa do João Kléber), Eliakim Araújo & Leila Cordeiro (antigo casal 20 do Jornal da Globo), Cláudio Fontana (que reuniu a família para formar o grupo Chocolate), Vanessa Rangel (intérprete de "Palpite", trilha sonora da novela Por Amor), Alice di Carli (estrelava o quadro do "ui ui ui chefinho" também na Praça é Nossa), Paulo Cintura ("saúde é o que interessa, o resto não tem pressa") Duda Little (repórter mirim do Xou da Xuxa) ou Beth Guzzo (cantora sertaneja e filha do Valentino, que fazia o papel da Vovó Mafalda no programa do Bozo)?
Haja holofotes para tantos candidatos à fama. Não admira, pois, ver notícias como a veiculada ontem: "Musa de Ipanema vive na miséria". Segundo a matéria de Leonardo Ferreira para o Diário de São Paulo, a vencedora do concurso Garota de Ipanema em 1987, Josi Campos, vive isolada há quase quatro anos. Seu apartamento não tem água, luz, gás e telefone, e o imóvel poderá ir a leilão por causa das dívidas não quitadas. Aparentemente Josi, que foi capa das revistas Ele & Ela e Playboy e namorada de Billy Idol (outro ex-famoso atualmente no ostracismo) parece viver em outra dimensão: foge de toda tentativa de conversa, usa sempre a mesma roupa, alimenta-se com comida doada por vizinhos e bebe água recolhida do bebedouro de seu prédio.
Não é preciso ser moralista para chegar à óbvia conclusão de que fama é uma droga das mais danosas, que provoca na vítima surtos de euforia e megalomania, deixando seu cérebro feito o bagaço chupado de uma laranja. Depois, esquecida pela mídia, a celebridade esquecida ressurge anos mais tarde, relatando em alguma matéria os detalhes melodramáticos de sua via-crúcis. Vide o caso de Dóris Giesse, ex-apresentadora de programas como Fantástico e Dóris Para Maiores, que em 2002 apareceu em um programa de TV para dizer que virou alcoólatra, tentou o suicídio e passava fome. Hoje, quase dois anos após seu depoimento, por onde anda Dóris? Mais exemplos desedificantes: Wanderley Cardoso, que também tentou se matar ao ingerir quatro caixas de Prozac; Rafael Ilha, viciado em crack que foi internado após ter engolido uma caneta esferográfica, uma pilha, três isqueiros e algumas tampas de xampu; e Flor, ex-jurada do Show de Calouros, que afirmou na TV que não tinha dinheiro nem para pegar ônibus e que estava vivendo de luz (!?).
Mas há quem busque encarar a vida pós-fama com outros olhos. Por exemplo: Narjara Turetta, reconhecida até hoje por ter interpretado a filha de Regina Duarte no seriado Malu Mulher. Em 2002 Narjara foi resgatada do limbo midiático por uma reportagem do jornal O Dia que revelou seu ofício atual: vendedora de água de coco em uma calçada de Copacabana. Porém, a ex-atriz fez questão de frisar: "não sou coitada". Atualmente tenta se enveredar pela carreira política: é candidata a vereadora pela cidade do Rio de Janeiro, e fez da barraca de cocos seu comitê eleitoral. Diga-se de passagem, outras, hmm, celebridades também buscam refúgio nas eleições municipais deste anos: desde o cantor Dicró até o cineasta Zé do Caixão, passando por nomes como a ex-capa da Sexy Ângela Bismarck, o cantor e ex-deputado federal Agnaldo Timóteo e Dhomini, vencedor do Big Brother Brasil 3, que tem até blog fazendo campanha por ele.
Vale tudo para agarrar a fama, essa tal entidade abstrata mais volátil que memória RAM? Talvez esse questionamento deva ser repassado a figuras como a dançarina de forró que apareceu pelada nos estúdios da Globo para agarrar Pedro Bial ao vivo, o incauto que comeu minhocas e uma barata viva num reality show, qualquer suposta namorada do Conde Chiquinho Scarpa ou qualquer um que tenha sido entrevistado por "colunistas sociais televisivos" como Petrucio Melo, Ramy Moscovic ou Daniel Sabbá (notabilizado por ter invadido o programa Casa dos, hmm, Artistas, e terminado ao vivo seu casamento com a roqueira Syang).
